NIJI-IRO HOTARU: EIEN NO NATSU YASUMI (RAINBOW FIREFLIES) É BOM?

- escrito por MJ 🌻

Sabe quando queremos ver um filme num fim de tarde e mesmo com uma longa lista de recomendações preferimos procurar no Google algo diferente? (eu sei que você já deve ter feito isso também).

Fonte: Google

    E quando nessa busca acabamos encontrando “por acaso” um filme pouco conhecido que aparentemente quase não tem análises críticas e a sinopse é a única coisa que nos intriga e nos convida a assistir? A primeira coisa que nos perguntamos é: será que é bom? Será que vale a pena assistir? Na maioria das vezes acabamos dando o play. 

    Foi assim que despretensiosamente comecei a assistir Nijiiro Hotaru: Eien no Natsu Yasumi (Rainbow Fireflies) ou melhor dizendo em português Arco-íris de vaga-lumes, título este que faz total sentido com o enredo que o filme de animação japonesa nos apresenta. 

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    Lançado em 2011 no Japão, o longa de fantasia, drama e romance que foi escrito por Masayuki Kawaguchi, dirigido por Konosuke Uda e produzido pela Toei Animation conta a história de Yuuta, um menino que perdeu o pai em um acidente de moto há um ano atrás que no início das férias de verão resolve ir na floresta próxima de uma represa para relembrar momentos vividos com seu pai ao levá-lo ali para caçar besouros. Porém ao encontrar um velhinho misterioso em seu caminho que lhe pede água, coisas estranhas começam a acontecer quando o garoto se vê no meio de uma tempestade inesperada que o envolve num pequeno contratempo ao escorregar e perder a consciência. 

    Dessa forma, sendo salvo pelo velhinho de antes, Yuuta ao acordar descobre que voltou 30 anos no passado ao perceber que a “antiga” vila que existia antes da construção da represa estava intacta. Lá ele conhece uma garotinha chamada Sae que ao chamá-lo de primo, o leva para sua casa e também faz amizade com Kenzou, um garoto aventureiro. Em meio a floresta montanhosa e em uma vila simples e tranquila, ele terá que passar suas férias no verão no ano de 1977. 

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    Os dias se tornam cada vez mais divertidos ao lado de várias outras crianças que estão aproveitando suas últimas férias na pequena vila que logo será destruída. Por todos estarem em clima de despedida do lugar em que passaram boa parte de suas vidas, o sacerdote do templo com a ajuda das crianças resolve organizar um festival mais que especial que teria muitas atrações culturais, comidas gostosas e um espetáculo de lanternas de papel que seriam feitas manualmente pelas crianças para iluminar todo o vilarejo e representar por meio dos desenhos todas as boas memórias que vivenciaram ali.

    A história nos mostra algumas reflexões sobre a vida e as mudanças cotidianas. Mesmo que nada dure para sempre, as memórias se mantêm vivas em nossas mentes, é algo que não pode ser tirado de nós ou modificado por alguém, pois já aconteceram e não há como mudar os fatos (bons ou ruins) da realidade da qual fazemos parte. 

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    A história trata de assuntos complexos como o sentimento de luto, união coletiva, laços de família, amizade, confiança, resiliência e recomeço. Foi satisfatório assistir o filme adicionando essas doses de drama aos poucos, pois não aconteceu de modo corrido, mas foi construído lentamente durante cada cena. Afinal, era preciso que o ritmo realmente fosse mais lento para que pudéssemos apreciar com calma os belos cenários de fundo que brilhantemente foram bem destacados e devo dizer que foi a parte que os animadores mais capricharam.

    No entanto, se por um lado tivemos bons cenários de fundo, com tons de verde muito bem colocados para destacar a natureza que rodeia a vila, por outro lado os personagens foram totalmente mal-feitos, com traços estranhos e indefinidos que por vezes pareciam borrões ao se movimentarem, era como se os contornos dos personagens estivessem incompletos, como se fosse um rascunho de um projeto e não o projeto final do filme. Particularmente não assistiria pelo visual, pois me incomodou no início e demorei bastante tempo para me acostumar com o designer ruim dos personagens, mas como meu interesse era na história contada, tive que contornar a animação que me pareceu ter um orçamento muito baixo e focar apenas no que interessa.

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    Caso vocês não consigam se desligar desse detalhe não irão aproveitar a bela história por trás do rabisco. Porém não sei se foi ou não um design intencional pelos criadores. 

    Yuuta é um protagonista comum, que vive uma vida comum até aquele fatídico dia em que conhece Sae no passado, é interessante perceber que ambos não estavam ali por pura coincidência e que algo conectava profundamente suas vidas. Mesmo em meio a lágrimas escondidas, a história nos faz perceber que ainda é possível sorrir verdadeiramente quando se está com pessoas queridas que tem o poder de curar nossas tristezas e nos projetar uma ideia de futuro, onde ainda existe possibilidades de ser feliz, onde ainda há esperança para continuar e deixar o passado para trás pois estamos vivos e não podemos esquecer jamais disso.

    A premissa do enredo me cativou, e me parece ser em alguns momentos Slice of Life com um misto de mistério, viagem no tempo e emoções humanas que combinadas de maneira correta se completam e podem fazer um filme que praticamente ninguém conhece se tornar uma raridade. Apesar de alguns pontos negativos, a música tema “aí to tooi hi no Mirai e” de Yumi Matsutoya é agradável aos ouvidos e junto com as cenas certas impressiona como um Arco-íris de vaga-lumes chegando inesperadamente e transformando tudo que antes parecia sem cor, num espetáculo multicolorido. 

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    Por fim, devo dizer que muitas das vezes obras desconhecidas como essa que geralmente começamos a assistir sem dar muita expectativa são as que mais nos surpreendem. 

Nota do filme: 8/10